O Leão (Parte I)

Finalmente achei que era hora escrever algo sobre espionagem, que é o estilo que mais gosto de ler. Fiquei com um pouco de medo, porque não quero que fique ruim ao ponto de não poder ser lido. Sei que tenho umas deficiências na escrita, mas espero que isso não atrapalhe em nada.
Esse texto terá continuação e ela está sendo escrita já.
Gostaria de saber a opinião de todos, porque elas podem influenciar no que será escrito.

Mesmo depois de se viver por 3 anos em Moscou, Leonard Collins ainda a acha uma cidade estranha. Quando ele foi chamado para compor um grupo de elite de agentes secretos das Nações Ocidentais Unidas, um dos agentes veteranos havia comentado que Moscou nunca será uma cidade acolhedora para quem tem algo a esconder. Collins, o Leão, como era chamado pelos seus amigos de campo, tinha muito a esconder aquela manhã. Caminhar até o ponto de encontro marcado pelo pessoal da agencia com o protótipo da mais nova arma russa de destruição em massa e relatórios internos sobre os domínios espaciais russos, com certeza era ter algo a esconder.

As ruas são vigiadas por câmeras e sensores de calor, instalados desde a 4º Grande Guerra para evitar os ataques biológicos que foram responsáveis por mais da metade das mortes nos anos de 1998 e 1999. Quem estiver um grau mais quente do que o permitido, é prezo e levado para um interrogatório que poderá resultar numa absolvição divina. Collins não fica excitado nunca, mas aquela pasta embaixo do seu braço direito era como se fosse uma brasa queimando sua roupa.

Durante o treinamento na base inglesa de Londres, Leonard aprendeu que quanto mais ele souber sobre as informações que está “migrando” de país, mais ficará excitado e possivelmente desatento. Desatenção pode levar a um desastre de proporções gigantescas, como o ocorrido dentro da própria União Vermelha dois anos antes de Collins e sua equipe irem para o território inimigo.

As mãos de Collins começaram a suar por debaixo das luvas. Ele havia lido os relatórios junto com os planos do protótipo da arma antes de sair de seu apartamento no subúrbio industrial da cidade. Os relatórios ou o protótipo analisados sozinhos não tinham muito significado, seriam apenas mais um monte de papelada pronta para ser descartada na agencia pela falta de consistência, procedimento padrão adotado na segunda metade da 4º GG depois da série de pistas “importantes” que foram forjados pela contra agencia da UV. Mas se vistos juntos, eles revelavam uma verdade perturbadora sobre o inimigo e sua intenção para com a corrida espacial.

Ele tinha que entrar em algum lugar com paredes grossas ou começar a andar sem as luvas para que os sensores não o identificassem, mas quem anda sem luvas com uma temperatura de -22º C? Mais alguns passou e ele estaria perto de um local seguro para acalmar seus ânimos e voltar à caminhada.

Uma das regras básicas da espionagem após as medidas de proteção civil tomadas pelo o governo, foi não pegar mais transportes públicos, porque eles estavam cheios de escutas e câmeras com raio X. Andar de carro na cidade também não era permitido aos civis, só o militares e os funcionários públicos podiam andar com seus carros, qualquer outro veiculo não identificado era atacado no mesmo momento pelas metralhadoras robóticas e de alta precisam que foram instaladas encima de alguns prédios. O problema era que a agencia de Leonard sempre marcava pontos de encontro muito longe de sua residência na cidade, para evitar que numa possível fuga sua base fosse descoberta, então caminhar era a única forma de locomoção.

Sentado no bar, enquanto bebia seu copo de Vodka, procedimento totalmente fora do padrão, Leonard pensava sobre toda aquela situação e ficava se questionando se vali mesmo a pena estar daquele lado da linha. Ele poderia ter sido um bom analista de dados e estar agora sentado atrás de uma mesa bonita, em qualquer uma das bases que a agencia tinha espalhadas pelo mundo, apenas se preocupando em decifrar uma série de código e informações que os agentes de campo o passavam. Seria um trabalho menos desesperador, primeiro porque estaria a salvo de ser preso pelo exercito vermelho ou torturado pela agencia de contra espionagem, e segundo por saber que os analistas nunca fazem uma analise de informações inteiras, eles recebem parte de uma mesma informação passada pelos agentes de campo e depois enviavam a sua parte ao analista superior, que tem a função de juntar tudo e fazer uma ultima avaliação. Porém qualquer questionamento nesse momento era infrutífero e só iria o deixar mais tenso ainda.

Voltar para a rua e sentir de novo o ar congelante no rosto descoberto, foi algo que deixou o corpo mais calmo e relaxado. Leonard agora andava mais confiante até o ponto zero, que era numa pequena praça de Moscou onde a pouca boemia reacionária podia se reunir sem apanhar dos militares. Não faltava muito, mas ele deveria circular o local duas vezes antes de ir falar com seu contato, uma aeromoça da única empresa que podia fazer vôos internacionais dentro da União Vermelha.

O nome do contato é Nika e Leonard a conheceu dois meses atrás quando foi ao primeiro encontro. Ele sabia que ela deveria estar vestida com roupas normais, o combinado era um sobre tudo preto e um gorro de pele marrom. Então ele deu a primeira volta pela praça e o contato não faz a parte dela, que era pegar o aparelho celular e dar um toque a secretária eletrônica que iria transferir a ligação para o celular de Leonard. NIka estava ali, e havia visto ele, mas simplesmente não se comportava como deveria.

Qualquer comportamento diferente do combinado é considerado como um alerta para fuga, segundo o treinamento. Porém ele continuava ali, já estava na terceira volta, queria ver o que estava acontecendo. Foi nesse momento o brilho de um binóculo chamou sua atenção para o alto de um prédio residencial que ficava bem enfrente a praça. O contato fora descoberto e não agi conforme o combinado para salvar a vida de Leonard.

Depois de ver seu contato descoberto, o primeiro passo é começar a traçar um plano de fuga para seu segundo ponto de encontro e esperar que o contato perceba essa deslocação. Nika percebeu que seu contato estava sé saindo de cena, mas foi numa direção totalmente oposta, para Leonard aquilo só poderia significar que era melhor não seguir para lá também. Ele deu mais uma volta pela praça e começou a ir em direção a via principal, seu plano era ir até o prédio onde trabalhava e usar o esconderijo de sempre para guardar os relatórios e o projeto. Nesse mesmo estante em que seu corpo muito mais tenso que o normal, tremeu ao escutar a voz de um guarda ordenando que parasse e se virasse lentamente com os braços abertos. Quando Leonard se virou, pode ver cinco soldados apontando seus rifles em sua direção. Nika estava logo atrás.

Continua...