Lotus - A prostituta

Finalmente a continuação de uma dos meus mais novos projetos...
Lotus
Segundo capitulo: A prostituta

Quando fiz o pedido, tremendo por dentro, não acreditava que seria aceito, achei que seria rejeitado. Em momento algum pensei que seria mal tratado, não na casa dos Hinton, mas no fundo imaginei que aquela garota apenas riria da minha proposta, pois nós só havíamos nos visto de muito longe e ela parecia nem me notar. Mas a verdade nem sempre é como imaginamos! Quando fiz o pedido, ela abriu o maior sorriso que já pude ver em uma garota comportada como ela.
- Como já lhe disse jovem Jef: aqui em casa, até as mulheres fazem suas próprias escolhas, então seu pedido não deveria ser feito a nossa pessoa e sim a minha filha que é quem decidirá se aceita ou não seu pedido. – era a coisa mais irreal que poderia acontecer. Olhei para a jovem Susan, não queria ter que repetir a pergunta, mas se fosse necessário faria.
- Não precisa perguntar novamente Sr. Jeferson – ela definitivamente havia lido meus pensamentos – Antes de responder a sua pergunta, gostaria que me dissesse o porquê desse pedido.
Ela havia acabado comigo numa só frase. Como eu poderia assumir que estava apenas por interesse nas vantagens que teria me casando com ela, no dinheiro que aquela união me proporcionaria. Meu plano sempre fora falho, porque eu estava indo de encontro a um precipício esperando voar, se não desse certo eu apenas cairia e me machucaria, ficaria com o orgulho ferido e a família dela fechasse suas portas para mim, mas eu tinha que arriscar fazendo o pedido, sabia que ninguém nunca havia feito o pedido da mão daquela jovem e que teria mais chances sendo filho de um antigo amigo.
A verdade é que na hora inventei que já havia notado a beleza de Susan e sempre me lembrei dos momentos em que brincávamos juntos quando crianças, deixei claro que era uma paixão que tinha desde pequeno. E a meu ver eles engoliram a história como se ela fosse uma verdade incontestável. Na hora não pensei, mas hoje tenho quase certeza de que eles só estavam loucos para casar sua filha mais velha, porque já estava passando da hora.
- Antes de aceitar qualquer pedido seu Jef, gostaria de conversar com você melhor. Como você mesmo pode ver, aqui em casa, somos pessoas muito distintas e razoáveis, não nos deixamos levar por decisões tolas. Sei que você é um bom rapaz e que pede minha mão com as melhores intenções.
- E para que não pensem qualquer impropriedade de minha adorada filha, vou deixar que vocês conversem, mas Beth ficará na sala. Sei que não vai se importar, não é querida Beth? – acho que ela se importava sim.
Conversamos naquela tarde e nos tornamos mais íntimos com o passar da horas. Eu sabia que ela aceitaria o pedido. A família aceito, era tudo uma grande loucura, eu mesmo não era capaz de acreditar que uma Hinton aceitara se casar comigo, foi um dia estranho, mas dias estranhos estavam no meu currículo desde que começara ser jornalista.
***
O tempo passou, assim como o dia em que fui anunciado como o noivo de Susan Hinton para toda a alta sociedade de nossa cidade. Foi uma festa muito bonita, com garçons, talheres de prata, mesas no jardim da casa dos Hinton, as amigas de Susan e da família e meus poucos amigos do trabalho.
- Agora que você vai se amarrar, temos que fazer uma despedida de solteiro para você Jef – o Larry estava quase gritando, mas estava bêbado e não espero outra coisa do Larry quando está bêbado.
- Fala baixo! Agora o Jef é um rapaz de família. E o que a jovem e recatada Susan Hinton ia pensar de nosso jornalista se ouvisse esse tipo de conversa em seu jardim. – Joe, aquele hipócrita, sempre achei que ele me odiava, mas na verdade era só inveja.
- É Larry, depois conversamos sobre esse tipo de coisa e tenta não beber mais, não quero te levar em casa mais uma vez. – eu disse meio que olhando de soslaio para o grupo onde Susan conversava com uma senhoras, uns maracujás de gaveta na realidade, mas mesmo assim ainda eram a alta sociedade.
Aquele conversa seria meu tumulo, mas mesmo assim ela continuou no outro dia, quando tínhamos que fingir que trabalhávamos em uma redação jogada as moscas de uma segunda-feira destruída pela maior tempestade que a costa leste já havia visto.
- Lembra do que falei na sua grande festa sobre uma possível despedida de solteiro para você? – o Larry não ia me fazer esquecer essa história.
- Lembro, mas não se anime. Não vai acontecer nada, não vamos a lugar nenhum. Se o pai da Susan ficar sabendo que eu fui a algum inferninho com vocês , ele vai botar minha cabeça a premio. – eu sabia que o Sr. Hinton não acharia nada mal, e talvez até nos acompanhasse, mas o que me preocupava mesmo era o que Susan pensaria.
- Tem certeza? E se eu te animar dizendo que abriu uma casa nova bem no centro, perto daquele bar que você gostava antes de ficar noivo da garota que vale milhões de dólares?
- No máximo centenas, não milhares de dólares. Se fossem milhares, eu não estaria me casando com ela.
- Vamos Jef? Você nunca vai ser um noivo de verdade se não tiver sua própria despedida de solteiro. - os olhos do Larry brilhavam enquanto ele praticamente implorava por uma despedida de solteiro. Eu não sou tão insensível assim e se eles queriam um motivo para ir até um bordel, não podia deixá-los só na vontade
- Se vocês querem tanto ir, vamos! Mas se a família da Susan ficar sabendo de alguma coisa, eu juro que mato vocês.
Saímos naquela noite mesmo, fomos até a casa nova de “entretenimento” adulto que havia aberto assim como o Larry havia dito. Não era muito longe da redação, dava para ir andando e no meio do caminho conversamos. Como só foi Larry, Samuel e eu, pude falar sobre o dilema que eu estava passando, sobre o que estava começando a achar de Susan e sobre o dinheiro envolvido no meio de tudo aquilo. Não que o Sam e Larry sejam as melhores pessoas com as quais eu possa discutir alguma coisa, mas mesmo assim foi melhor que não compartilhar aqueles problemas e guardar tudo para mim.
O prédio onde ficava a tal nova casa era um pouco sinistro, tinha um estilo meio oriental e Larry disse que era assim por dentro também, além de todas as garotas serem orientais também. Na época eu não era muito fã de orientais e sempre ouvia história muito sinistra do que a máfia deles era capaz de fazer com ficava devendo algo. Queria desistir, mas não podia, Larry estava quase me empurrando porta adentro, parecia que ele já estivera naquele local e sua próxima frase denunciava a veracidade de minha desconfiança.
- Vou te apresentar a dona do local! – o entusiasmo era intenso em sua voz, ele parecia uma criança que ganha um brinquedo novo e quer mostrar para todos. – Hoje a noite vai ser sua campeão, você vai experimentar as coisas mais exóticas que o oriente tem. – senti que deveria ter medo dessa ultima frase
Por dentro o lugar era menos ameaçador do que por fora. Ninguém se sentava no chão ou coisa parecida, havia cadeiras e mesas, além de sofás aonde vi os homens mais influentes da cidade sentados como se nada estivesse acontecendo. Mas o lugar todo fedia a um cheiro muito forte que me deixou enjoado assim que entrei. Eu sabia muito bem que cheiro era aquele, era o tal do ópio, já tinha ouvido muito sobre ele.
- Esse lugar não é o máximo? Olhe só para tudo isso. E as mulheres... – Sam havia perdido o fôlego enquanto olhava aquele salão que se dividia em três parte: um pequeno palco, aonde nem duas dançarinas poderiam se apresentar ao mesmo tempo; um salão principal aonde ficava a maior parte das mesas e tinha os sofás encostados nas paredes; e por ultimo uma pequena varanda elevada, onde estavam sentados os chineses ou japonês – nunca soube muito bem a diferença – mais estranhos que eu já havia visto. Então uma mulher vestida num quimono rosa se aproximou de nós.
- Bem vindos a minha humilde casa jovens cavalheiros – ela não aparentava estar na casa dos quarenta e mesmo assim era muito atraente com seus cabelos negros, olhos puxados e pele alva. – Espero que gostem de tudo...
- Claro que vamos gostar senhora. Essas são as jovens mais bonitas que a cidade tem para oferecer aos seus homens – Larry tinha que interromper o discurso de boas vindas daquela mulher. – Viemos fazer despedida de solteiro para o nosso querido Jef. – não feliz em ser completamente idiota, Larry tinha que me levar junto naquilo.
- Oh! Que bom! Mas espero que o senhor continue sócio de minha casa quando já estiver casado. Somos muitos discretos senhores e zelamos pela boa imagem de cada um de nossos “amigos”, sabemos que eles têm família e que são res... – não posso relatar tudo o que aquela mulher pálida dizia por que simplesmente tive a atenção arrebatada pela coisa mais linda que eu já vira na face da terra, e ela estava dançando no palco, mais próxima de um anjo do que qualquer um das freiras que eu já tenha conhecido.
- Senhora! – a interrompi – Como é o nome daquela jovem que está no palco agora. – ela se virou para olhar melhor e quando seus olhos voltaram a me fitar, eles estavam carregados de um pequeno sorriso que faria qualquer um gelar.
- Aquele é Chun-rei, a nossa mais bela dançarina e alguns fregueses chegam a dizer que é a mais bonita de nossas garotas. O senhor deseja conhecê-la. – esse foi um daqueles momentos que eu sabia que deveria ter saído correndo pela porta e ter ido embora, mas o máximo que pude fazer foi balançar a cabeça em sinal de afirmação. Meu pesadelo estava preste a começar.

Shadowplay

Percebi que ela entrou no quarto quando vi o jogo de sombras projetado na parede a minha frente. Ela havia voltado meio cambaleante, o jogo de sombras me mostrava todos os detalhes. Podia ver suas pernas tortas, porque a luz se projetou por trás de seu corpo suado e molhado. Na hora fiquei pensando onde ela estivera todo aquele tempo, eu havia passado a noite toda a sua procura, fui a quase todos os bares que existem na cidade, visitei cada uma das sucursais do inferno onde sabia que ela andava quando ainda não namorávamos. Não podia conter as perguntas, não naquele dia.

- Onde você estava? Onde você esteve a noite toda? – meu olhos continham minha raiva, eu tenho certeza.

- Eu não fui muito longe, fui beber com umas amigas, e não precisa falar comigo nesse tom. – ela tremia, mas não era frio.

- Você tem idéia até onde eu fui para te procurar? Eu fui até o centro da cidade e fiquei te esperando, esperando você dar o ar de sua graça. – minha raiva só fazia aumentar. Ela saiu do quarto e foi para cozinha, comigo atrás falando cada vez mais alto.

- Já falei que você não precisa ficar gritando comigo. Eu só fui sair por aí. Você me procurou porque quis! – não podia acreditar que ela dizia aquilo, estava ficando louco de raiva.

- Eu fui te procurar porque você é minha namorada, e nada mais correto do que eu me preocupar com seu bem estar. E que cheiro é esse? Você tá com um cheiro de loção barata, do tipo que seu ex-namorado usava! Julia Maria, você estava com o João hoje? Fala, eu preciso saber. – meu tom de voz era estridente, eu estava no auge da minha raiva e não via mais nada a não ser o faqueiro que estava na pia.

- E se eu disser que estava com ele? O que você vai fazer? Hein? Nada, não precisa responder. Eu sei que você não vai fazer nada, porque você é um fraco que só sabe ficar atrás de mim como se eu realmente me importasse com você ... - eu já não a escutava, a raiva havia me tomado por inteiro e eu só era capaz de ver o faqueiro. Caminhei até a pia, empurrando-a para o canto, na hora nem percebi que ela chorava, só peguei a faca e fui em direção a ela.

Foram doze facadas pelo corpo branco e suado dela, não que eu tenha contado, não podia contar nada com aquele corpo dançando e se contorcendo pelo chão da cozinha. Um mar de sangue foi deixado para trás e junto dele estava toda a minha raiva contida. Deixei que ela se fosse olhando para mim, assim nunca mais teria que sair a sua procura nas noites dessa cidade infernal, agora ela quem viria me procurar.

Lotus - O pedido

Esse é o meu mais novo projeto, minha nova menina dos olhos, mas não me esqueci que tenho outros projetos para terminar.
Espero que todos gostem desse conto.

Primeiro capitulo: O pedido.
Dezembro, 21 de 1921

Existe um rio chamado vida e é nele que navegamos com nosso pequeno e frágil barquinho. E assim como existe o rio, também existem as margens dele. Na margem direita temos a sanidade, que é munida de razões e lógicas e é por onde costumamos andar quando saímos de nosso barco para pegar mantimentos a fim de sobreviver às escolhas que temos que fazer quando navegamos pelo rio da vida. Na esquerda temos a margem da insanidade, que é casualmente visitada por alguns de nós que acreditam em uma vida recheada de momentos insanos e sem lógica. Eu sou uma dessas pessoas que um dia parou bem nas praias da margem da insanidade e de lá quase adentrou na floresta da loucura.

Minha saga começa no dia que fui fazer o grande pedido a filha mais velha dos Hinton. Isso foi a exatos dois meses atrás e posso dizer com toda a certeza que naquele tempo eu não passava de um garoto descrente em um futuro feliz, só me importando com os benefícios que aquele uniam podiam me gerar, pois a filha mais velha dois Hinton era a herdeira mais rica de toda a cidade, caso o senhor e senhora Hinton morressem. Então naquela tarde de domingo após a missa na igreja de Santa Luzia, eu caminhei na direção da família Hinton, mas precisamente dos pais e me apresentei como jornalista de um pequeno jornal da cidade. Claro que eles já me conheciam, porque meus pais e os senhores Hinton haviam sido grandes amigos quando eles ainda eram muito ricos.

- Mas é claro que nós lhe conhecemos pequeno Jef (Jeferson) – a senhora Hinton disse para mim, mostrando seus dentes brancos como nuvens – E fico espantada de você estar com toda essa cerimônia para conosco, você deve se lembrar de que seus pais eram grandes amigos nossos – ela disse “eram” como se eles houvessem morrido.

Trocamos um papo, como dizem por ai nas gírias dos negros. Não foi a tarde mais maravilhosa da minha vida e nem a mais movimentada, mas eu tinha um objetivo em mente e sentia que ele poderia se cumprir mais rápido do que imaginava, porque senti olhares da jovem Susan destinados a minha pessoa. Quando se é um jornalista, acabasse ganhando certos poderes como o da observação. Desde que me sentei à mesa deles, percebi que Susan me olhava com certa interrogação. Susan não é do tipo de garota que tira o ar de um homem, chega até ser simples de mais com seus cabelos loiros sem brilho e seu olhar azul embaçado, porém ela carrega nas faces um certo ar de nobreza que é muito comum em todas as mulheres da família Hinton, segundo o que meu pai mesmo me contava quando eu era mais jovem. E quem sabe aquele ar de nobreza poderia conquistar meu coração havido pelos contatos e dinheiro que aquela família poderia me conceder.

Já no final da tarde, anunciei minha intenção de visitar os Hinton no dia seguinte em sua casa para tratarmos de assuntos pessoais. Acho que nesse mesmo momento a Sra. Hinton percebeu minhas reais intenções já que abriu um grande sorriso e o direcionou a Susan que estava a minha direita, com a perna coberta com o guardanapo quase encostando em mim. Foi um momento meu esquisito, pois o Sr. Hinton me concedeu a dádiva de entrar mais uma vez eu sua mansão mos o fez com uma ressalva um tanto quando esquisita.

- Olha rapaz – ele junta as mãos como se fosse rezar – permito que vá a minha casa, pois sei que é um bom rapaz, mas quero que fique sabendo que em minha casa até as mulheres pensão com suas próprias cabeças.

Na hora não entendi o que ele queria dizer com aquilo, mas enquanto caminhava em direção ao meu apartamento, fui pensando melhor naquela declaração que poderia ser vergonhosa para qualquer pai de família, mas que para ele era como se fosse algo do qual se orgulhar. Percebi que ele também havia entendido as minhas intenções para com uma dê suas três pedras preciosas, ela tinha mais duas filhas e as tratava como se fosse raridades, apesar de nenhuma delas ser muito interessante, a mais nova, Beth, tinha claros problemas de concentração, o que para mim denuncia uma certa demência.

Eram sete horas da manhã quando me levantei no dia seguinte ao do piquenique beneficente da igreja de Santa Luzia. Estava muito ansioso, era como se estivesse indo a uma entrevista de emprego, e de um bom emprego, dependendo da resposta que eu receberia ali na sala dos Hinton, ornamentada com belas tapeçarias e cortinas de seda oriental, poderia me tornar um homem rico. De certa forma foi muito estranho o modo com o qual fui tratado por toda a família Hinton naquele piquenique, sou um reporte pobre, que vem de uma família falida e nos repórteres já somos descriminados demais pelas classes mais avantajadas. Eles acreditam inferiores ou que levamos uma vida promiscua, o que não é de todo errado, mas mesmo assim costuma me deixar muito chateado, afinal de contas eles precisam tanto de nós como nós deles. Os Hinton me trataram muito bem, permitiram que me sentasse a mesa deles, que compartilhasse da mesma comida, logo eu que sou um dos repórteres mais pobres da região.

Caminhei até a mansão dos Hinton as nove horas. Ela ficava numa parte nobre da cidade, uma área residencial e levei quarenta minutos para chegar até lá, mas não me incomodei, precisava pensar no que iria dizer para os Hinton. Nunca havia pedido a mão de uma garota e já havia ouvido sobre casos em que o pretendente era humilhado pela família da jovem em questão. Definitivamente eu não seria humilhado, as pessoas que me receberam tão bem em sua mesa de piquenique, não iriam me humilhar. Minhas mãos suavam quando apertei a campaninha, mas não demorei a ser atendido e quem veio me receber foi a pequena Barbara, a filha “do meio” do Hinton, que é uma garotinha muito agradável com o mesmo ar de nobreza no olhar. Quando passei pela porta e entrei na ante sala da casa, vi no relógio que eram quase eram nove e cinqüenta, o que me fez perceber que demorei dez minutos fora da casa, tentando decidir o que faria. Mas logo fui guiado pela casa até chegar a sala de visitas aonde se encontravam todos os membros da família, até mesmo uma negra que deveria ter sido a ama de leite de todas aquelas crianças além de ser a provável amante do senhor Hinton.

- Pequeno Jef, que bom que você veio – a mulher insistia em me chamar de pequeno Jef, mesmo vendo que eu tinha o dobro de seu tamanho. – por um minuto achamos que não veria mais fazer o pedido.

- Como senhora Hinton? – fiquei perplexo por perceber que todos já tinham entendido
a minha intenção. – Como a senhora sabe que eu vim fazer pedido?

- Clarice, não deixe o rapaz constrangido – interrompeu o Sr. Hinton com seu cachimbo na mão esquerda. – Vamos deixar que ele mesmo faça as coisas. Isso me faz lembrar do dia em que foi pedir sua mão em casamento... – tinha que interromper, senão ouviria a história mais longa da minha vida.

Interrompi dizendo que estava muito nervoso, e logo me foi oferecido um lugar para sentar aonde eu ficava de frente para toda a família, inclusive para Susan, o que me fez perceber que ela tinha as faces rosadas além de não conseguir olhar em minha direção, sempre mantendo a cabeça baixa. Eu tinha que ser rápido, estava percebendo que talvez meu pedido seria acatado por toda a família.

- Senhor e senhora Hinton, eu, Jeferson Randle, venho até a sua casa com a intenção de pedir a mão de sua filha mais velha, Susan, em casamento... – as palavras quase não saíram da minha boca.