Shadowplay

Percebi que ela entrou no quarto quando vi o jogo de sombras projetado na parede a minha frente. Ela havia voltado meio cambaleante, o jogo de sombras me mostrava todos os detalhes. Podia ver suas pernas tortas, porque a luz se projetou por trás de seu corpo suado e molhado. Na hora fiquei pensando onde ela estivera todo aquele tempo, eu havia passado a noite toda a sua procura, fui a quase todos os bares que existem na cidade, visitei cada uma das sucursais do inferno onde sabia que ela andava quando ainda não namorávamos. Não podia conter as perguntas, não naquele dia.

- Onde você estava? Onde você esteve a noite toda? – meu olhos continham minha raiva, eu tenho certeza.

- Eu não fui muito longe, fui beber com umas amigas, e não precisa falar comigo nesse tom. – ela tremia, mas não era frio.

- Você tem idéia até onde eu fui para te procurar? Eu fui até o centro da cidade e fiquei te esperando, esperando você dar o ar de sua graça. – minha raiva só fazia aumentar. Ela saiu do quarto e foi para cozinha, comigo atrás falando cada vez mais alto.

- Já falei que você não precisa ficar gritando comigo. Eu só fui sair por aí. Você me procurou porque quis! – não podia acreditar que ela dizia aquilo, estava ficando louco de raiva.

- Eu fui te procurar porque você é minha namorada, e nada mais correto do que eu me preocupar com seu bem estar. E que cheiro é esse? Você tá com um cheiro de loção barata, do tipo que seu ex-namorado usava! Julia Maria, você estava com o João hoje? Fala, eu preciso saber. – meu tom de voz era estridente, eu estava no auge da minha raiva e não via mais nada a não ser o faqueiro que estava na pia.

- E se eu disser que estava com ele? O que você vai fazer? Hein? Nada, não precisa responder. Eu sei que você não vai fazer nada, porque você é um fraco que só sabe ficar atrás de mim como se eu realmente me importasse com você ... - eu já não a escutava, a raiva havia me tomado por inteiro e eu só era capaz de ver o faqueiro. Caminhei até a pia, empurrando-a para o canto, na hora nem percebi que ela chorava, só peguei a faca e fui em direção a ela.

Foram doze facadas pelo corpo branco e suado dela, não que eu tenha contado, não podia contar nada com aquele corpo dançando e se contorcendo pelo chão da cozinha. Um mar de sangue foi deixado para trás e junto dele estava toda a minha raiva contida. Deixei que ela se fosse olhando para mim, assim nunca mais teria que sair a sua procura nas noites dessa cidade infernal, agora ela quem viria me procurar.

2 Sua opinião:

Pumpkin pie. disse...

o brega que eu falo nao é o brega de roupa é o brega da conversa, de pessoas rasas e coisas assim. Quero ler o resto de lotus entao nao para de escrever hein!!

Pitanga disse...

matou mais uma?? caramba, to achando que vc está começando a querer jogar no outro time (brincadeerinha;])!
uhaua"