A nova aurora - Conto II – O arquiteto.

A nova aurora
Conto II – O arquiteto.

No dia 6 de junho de 2044 um novo atentado chocou o mundo. Durante as comemorações de cem anos da data conhecida como dia “D”, onde mais de 3 milhões de soldados da tríplice Aliança avançaram pelas praias da Normandia (oeste da França) com o objetivo de chegar até Berlim e derrotar o novo império Alemão e seu líder Adolf Hitler, um grupo de terroristas neonazistas, conhecidos como “A nova aurora”, espalhou o terror pela face da terra na forma de um vírus. O vírus não era letal, mas seus efeitos são devastadores, já que depois de liberado ele vai se espalhando em uma velocidade muito pequena e por onde passa não deixa que plantas e animais sobrevivam, além de potencializar qualquer tipo de doença conhecida pela raça humana.
Em 2048, quatro anos depois da liberação da primeira “fonte” do vírus chamado Apocalipse, que ocorreu simultaneamente nas cidades de Londres, Paris e Washington, o grupo “A nova aurora” tomou todo o território da Alemanha e da Polônia, logo em seguida ergueu-se uma série de muros e barricadas em volta do que eles chamaram de “Estado Branco” que compreendia o território tomado. Também foi instituído lei marcial dando o poder a um só homem, que afirmava ser o próprio Adolf Hitler, que não teria morrido e sim havia estado criogenisado até o momento.
O Apocalipse matou mais de três bilhões de pessoas em todo o mundo, existem poucos territórios que não estão contaminados, e a pouca terra fértil é tratada como ouro. O mundo não está mais dividido em países, só a um único império, o Estado Branco, que controla boa parte da terra que ainda tem algum valor para a agricultura.

“As vezes olho para o regimento que se levanta pela manhã e tento imaginar onde estaríamos se a primeira fonte não fosse vitoriosa. Levantar uma guerra quando o mundo todo vivia em paz foi a maior astúcia da qual nos valemos para chegar a vitória. Se a liberação do vírus não houvesse sido tão perfeita, hoje não existiria o nosso tão amado Estado Branco. Passados tantos anos, simplesmente não posso conceber dentro de minha imaginação, um mundo sem o nosso Estado Branco, onde nossas crianças podem ter uma educação digna sem a presenças das raças inferiores ao sua volta, comprometendo seu desenvolvimento. Hoje sei que o que fizemos foi certo e que o sangue que derramamos não foi em vão.
Se eu fechar os olhos, posso lembrar com perfeição de tudo o que vivemos para chegar aqui, do momento em que, sentados naquele pub londrino, idealizamos toda a trajetória do futuro. Éramos apenas seis homens: um arquiteto, um escritor, um operador de máquinas, um médico e eu, um militar em carreira, seis exemplares da superioridade ariana.
- Não sei como podemos viver nessa cidade maldita, e ainda comemos na mesma mesa aonde um negro acabou de comer. Como podem deixar esses animais a solta?
- Calma Lenin! Você não quer as pessoas ouvindo isso não é?! Você sabe muito bem que racismo é crime nessa merda de país. E apaga esse cigarro, que o idiota do garçom está vindo ai.
- Que merda! Agente não pode nem fumar mais. E além do mais esse serviçal nem é ocidental, o desgraçado tem os olhos puxados, deve ser chinês ou coreano.
- Concordo com o Karl, esse país é uma merda. Eles pregam a democracia, mas é tudo hipocrisia. Vivemos sob leis idiotas que mais parecem feitas por crianças. Não sei se posso viver assim por muito mais tempo. Quero voltar.
- Voltar? Voltar para onde? Para aquela Alemanha? Falida em honra e gratidão aos que fizeram-na crescer? Acho que não posso viver lá também.
- Pelo menos lá teríamos nossos companheiros e os lugares certos aonde nos reunir, não precisaríamos freqüentar lugares como esse, onde um coreano vem nos servir com o nariz empinado achando que igual agente. Raça de malditos! – uma cuspida de leve no chão.
- A verdade é que não existe mais lugares certos para se reunir. Não sei se você se lembra, mas agora o único crime com a pena de prisão perpetua é o racismo. Eu não quero viver o resto da vida dentro de uma cadeia dividindo espaço com negros e judeus, sem falar nessas raças orientas que se espalham como pragas pelo mundo.
- Você sempre foi o mais medroso de todos nós. Desde de quando viemos para cá, é sempre você o primeiro a reclamar das coisas, mas é o ultimo aceitar quando saímos para lutar pelo nosso ideais. Você não é um de nós Karl, você não luta pela sua pátria.
- Eu não luto pela minha pátria? Você não é capaz de imaginar o que eu já fiz pela minha pátria. Quando estávamos naquela empreitada na frente daquela fábrica de carros japonesa, foi eu quem voltou para te pegar, e agora você diz que eu não sou um de vocês. Não, não sou idiota como você. Não existe forma de ganharmos essa guerra, porque não existe mais guerra. Cada dia que passa, somos menos. Os nossos filhos não querem estar aonde estamos, porque sabem que essa é uma guerra perdida. Não há jeito de vencermos estando em menos número a balança está em desequilíbrio. - um silencio de quatorze minutos sucedeu aquela discussão, até que um de nós, o médico, resolveu falar. Mas não falou olhando nos nossos olhos. Falava como se já pudesse ver um futuro que nós não víamos, somente por não saber do que ele já sabia.
- Vocês discutem a mesma coisa em todas as reuniões. Eu acho cômico, é como se vivêssemos o mesmo sábado todos os finais de semana. Uns dizem que querem mudar a nossa condição, outros dizem que é impossível lutar sem as forças necessárias. Nunca chegamos a um acordo. Nossa ultima tentativa de mudar essa merda de lugar, foi a exatos cinco anos, quando o Freud morreu, desde aquele dia não consigo me lembrar de nenhuma ação de vocês para mudar alguma coisa.
- E você? O que tem feito para mudar? Nada. É um zero a esquerda como nós, então não venha me dizer o que não fizemos nada para mudar.
- Se eu disser a você que eu fiz algo sim. Algo que finalmente irá equilibrar a balança para nós. Senhores, estamos sentado a muito tempo, temos que nos levantar e caminhar para o futuro. Somos seis representantes das maiores forças que hoje regem o mundo. A política não altera mais nada nesse mundo corrompido, daqui para frente será conosco. Quero que você vão para casa e que leiam o conteúdo dessas pastas. Dentro de cada uma delas está tudo o que eu preciso de vocês. Cada um dos senhores será uma parte importante no meu plano. – mexe na sua maleta e pega umas pastas pretas com a suástica.
- Você está ficando maluco. Se nós formos visto com essas pastas, nos prenderiam.
- Não precisa ficar alterado. Quando acabarem de ler, me liguem e faremos mais uma reunião. – então ele se vira para min é diz – Adolf, você é a chave mestra do plano. É o único militar entre nós e sem você vai tudo por água abaixo.

O sonho daquele dia, virou realidade. Fecho meus olhos novamente e escuto o som das crianças lá fora.”

3 Sua opinião:

Pitanga disse...

uhnm.. interessante.. já estou anciosa para ler o proximo!! :]

Beijo Breno!

Nanda disse...

http://putzsoacontececomigo.blogspot.com/

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Entre aqui por acaso. Mas seu blog é ótimo.Adorei.`Posso linkar você?
Beleza de textos.
Tenha uma boa semana