Amargo café das seis

Quando o desejo de vingança é grande
Cabe a razão dizer a alma que o ferimento não irá sarar.
Mesmo que se lamba o sangue envolta
E se faça réquiem aos Reis do nada.
Pois é certo de que nem sempre somos feitos de terra.
Quando não, nossa essência é a moldável água barrenta,
Assim não se faz dura a consciência,
Acabando por achar qualquer erro banal e sem sentido maldoso.

Não tendo nada à ter ódio,
Só nos resta a doce desculpa do ser que não errou.
E ela vem, mesmo que a burro e sem sela, mas vem.
O medo nasce quando o tempo de espera é grande e o coração vacilante.
Já que nem todos estão dispostos a pedir perdão.
É ai que o amargo café das seis chega.
Com ele vem as lágrimas atrasadas e a risada fora de hora.
Pode-se até pensar que é proposital, mas não, é fatal!

Olhamos para os fundos dos olhos, mesmo que infinitos.
Pensamos que era melhor não existir rancor e nem pedidos.
Os tiros foram dados em momento de raiva repentina.
A mesma que cega os sábios e dá vida aos monstros.
Quem vamos enganar depois da derrota admitida.
Ainda vai sobrar dúvidas e sopros de hálito quente no vidro frio.
As desculpas vem com o tempo, porque sabemos que ira perdurar o momento.
O vazio do momento que deixamos
Quando seguramos o copo de café amargo e sem leite.

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